Enquanto algumas pessoas preferem correr riscos outras optam pelo contrário e pagar seguros, por exemplo.
Uma equipa de economistas e geneticistas moleculares da Universidade Hebraica de Jerusalém e duas instituições asiáticas dizem que a explicação está nos genes.
Os investigadores tentaram dar resposta a uma questão antiga da teoria económica: porque há pessoas mais propensas ao risco no que toca a importantes quantias como apostas em corridas de cavalos, por exemplo, e outras com uma atitude adversa em relação ao perigo e que compram seguros de casa e carro.
“Muitos economistas deparam-se com este paradoxo”, afirma Richard Ebstein, da Universidade Hebraica de Jerusalém, que estudou este assunto com os economistas Soo Hong Chew, da National University of Singapore (NUS) e com Songfa Zhong também da NUS e ainda com a Universidade de Hong Kong de Ciência e Tecnologia.
Ebstein reparou que na explicação fisiológica sugerida pelo antigo professor da Hebrew University, galardoado com o Prémio Nobel, Daniel Kahneman, e por Amos Tversky, consagrados na sua teoria amplamente aceite, que explica porque as pessoas jogam na lotaria e ao mesmo tempo compram seguros.
Contudo, segundo Ebstein, esta teoria perspectiva uma explicação psicológica face ao comportamento económico tendo em conta que os mecanismos neurobiológicos e neurogenéticos ainda não estão bem definidos.
Num artigo, publicado on-line na PLoS ONE, Ebstein e a sua equipa combinaram as ferramentas da economia experimental com a genética molecular para examinar os procedimentos do gene monoamine oxidase A (MAOA), de modo a explicar este paradoxo em condições controladas em laboratório.
Para a investigação, foram recrutados 350 chineses da dianastia Han, em Pequim, para participarem em duas experiências simples, representado a tendência para comprar bilhetes de lotaria e de seguros, usando incentivos monetários reais.
Por exemplo, foram dadas instruções aos indivíduos para manterem uma pequena quantidade de dinheiro em caixa sem risco ou apostar em sorteios montantes maiores de dinheiro, dado antecipadamente, mas com uma mínima hipótese de realmente ganhar ou manter o dinheiro.
Na segunda tarefa, tendo em conta a segurança, os indivíduos foram questionados se deveriam ou não fazer um seguro a uma certa mas insignificante perda ou não o fazer numa quantia maior mas com um fraco risco de perda real.
Os investigadores descobriram que as pessoas com maior actividade na variação do gene MAOA têm preferências por apostas maiores na lotaria e menos propensão a comprar seguros do que o grupo com menor variação genética.
Este estudo complementa outras descobertas sobre a base neurobiológica do risco económico.
Como o sistema financeiro se aproxima lentamente do colapso económico, Ebstein afirma que vale a pena considerar que há preconceitos inatos, codificados por variações genéticas comuns, que podem ser um factor importante para analisar as acções das pessoas sobre as opções de risco – com efeitos concomitante nos mercados financeiros.