sex youjizz
pornxvideos247.com
sexvids dot porn indian giving blowjob.

Feiras & EventosNotícias

…O Espírito da Feira da Golegã

O Sol começa a deitar-se mais cedo, tornando os dias mais curtos e as noites mais longas. As tardes ainda quentes são amenizadas pelo vento fresco que começa a soprar ou pelos chuviscos trazidos por nuvens tão passageiras como a nossa existência. Veste-se o céu de tom acinzentado, perdendo o azul, como as árvores se haviam já despido das suas folhas que agora esvoaçam pela brisa que desfaz tapetes amarelos, laranjas e encarnados que a sua queda havia criado. É o Outono em todo o seu esplendor! À calma do campo da Golegã, que vem pelo rabisco do milho, depois da azáfama da sua colheita, junta se lhe agora ao seu restolho, a melancolia. No espargal, agitam-se as oliveiras às quais lhe resgatam as azeitonas, assim como se agitam as ruas da Vila, pelo vaivém dos Goleganenses, que caiam e pintam frontarias, que limpam pátios e arrumos, sob o olhar daqueles que calcorreando ruas e travessas procuram ali albergue para si e para os seus, mais além um espaço para a pernoita dos animais e ainda acolá um lugar de negócio. E este movimento, sob uma cor tingida pelos fumos de um ou outro borralho que imprimem um cheiro próprio, outrora bem mais marcado pelo dos lagares, anuncia que a serenidade da Golegã se retira dando lugar à algazarra.

Eis a Feira da Golegã, também de São Martinho, ao qual pela sua boa acção lhe devemos por vezes um Verão, antes do Inverno. É tempo de debute do poldro recolhido do campo, que foi apoiado e desbastado.

É espaço para com garbo e orgulho, e porque não com algum espavento, mostrar a montada que está bem na mão e entre as pernas, ensaiando aqui e ali uma pirueta, para após um arranque seguido de um estancar ela “entre” em piaffé, transitando depois para passage e sair em passo descontraído, num tom triunfal como tudo tivesse sido fácil ou mesmo nada tivesse acontecido. E com uma ténue altivez, mas desprendido, o Cavaleiro arranjando a jaqueta, que tem novos alamares, e ficou descomposta pelo exercício, um pouco mais à frente cumprimenta uma amazona que segue só, na manga, em passo calmo, com quem enceta conversa sobre tudo ou mesmo sobre nada. Coloca-se-lhe pela sua esquerda, deixando protegida do outro lado pela vedação, porque isso de igualdade só nos concursos no Picadeiro Central ou nos da vida. E em bom momento o fez, pois um condutor de um “breque”, que não se fez anunciar, pelas guiseiras em desuso, roçou lhe o estribo de caixa com o cavalo da mão, fazendo mesmo soltar impropérios de indignação de alguns presentes.

Porque a Feira, apesar da complicação e da barafunda, que lhe é própria pela multidão, parece simplificar-se e reduzir-se àqueles que se movem e aos outros que lhe apreciam ou lhe criticam os movimentos. Indiferente a esta ou outras cenas estão aqueles que furaram um magote de gente para irem na busca de uma samarra e até talvez de um capote que por ali há com fartura e caso forem a bom preço ainda adquirirão novos botins, pois aqueles que trazem nos pés já fizeram mais feiras que o esperado. No canto oposto, no cruzamento que entrecorta quatro ruas, onde convergem os que vêm da zona das tendas, das “barracas” viradas stands, das quinquilharias e de tudo para todos, com aqueles que saiem do Arneiro, está um amontoado de gente que é cortado e afastado súbita e frequentemente, logo voltando à sua forma, tal esponja espremida, como quando depois de um campino que leva à mão o cavalo para casa, lhe passar pelo meio, não sem antes de ouvir um desinibido “é homem, aguenta-te com ele!”em som meio grave, meio agudo, num timbre que a água-pé evita a definição. E ao lado daquele que emitiu o estridor, um mais sóbrio, que durante toda a tarde de cavaqueira, de soslaio, foi observando se o vendedor de castanhas sabia que uma dúzia eram doze e não dez, fixou o seu olhar ao longe numa silhueta feminina cavalgando em sua direcção, que ao chegar-lhe próximo se transformou num quadro distinto, agora com contornos bem definidos, traduzidos por um olhar lânguido emprestado a um corpo esbelto e esguio.

Com o espírito toldado pelo encanto ficou-se a cismar: “Ah! Se a sorte me bafejasse até o mundo lhe comprava!!”

José Veiga Maltez
Presidente da Câmara Municipal
e da Feira Nacional do Cavalo

X