João Moura sai em ombros no Campo Pequeno

A corrida de comemoração dos 30 anos de alternativa do cavaleiro João Moura, realizada na quinta-feira (05/06), na praça de toiros do Campo Pequeno, resultou num triunfo memorável, com os artistas a saírem em ombros pela porta grande.

Com praça quase cheia, o cartaz era constituído pelos cavaleiros João Moura, João Moura Júnior e Miguel Moura, pelo novilheiro João Augusto Moura e pelos forcados amadores de Santarém e de Portalegre, capitaneados respectivamente por Pedro Graciosa e Fernando Coelho.

Lidaram-se quatro toiros de João Moura, dois da Herdade de Pégoras e um novilho de Romão Tenório, tendo-se destacado, os dois de Moura que couberam ao novilheiro João Augusto (especialmente o segundo do seu lote) e o de Romão Tenório para o cavaleiro-amador Miguel Moura.

João Moura foi envolvido numa grande onda de estima e carinho por parte do público, onda essa que ele próprio soube ampliar tanto nas escolhas para brindar a lide dos toiros, como no empenho que demonstrou durante as respectivas lides.

A lide do primeiro, um toiro bem apresentado, mas difícil, foi brindado por João Moura ao seu padrinho de alternativa, Mestre David Ribeiro Telles, aos seus filhos, João e Miguel e aos seus sobrinhos, João Augusto e Benito.

Foi um toiro difícil que Moura lidou de forma eficaz, primeiro, cravando dois compridos em sorte de frente e os curtos a sesgo, depois de bregar com a maestria que lhe é reconhecida (volta).

Difícil foi também o seu segundo, brindado ao rojoneador espanhol Pablo Hermoso de Mendoza, ao cavaleiro António Ribeiro Telles, à sua filla Rita e a outros familiares que se encontravam nas bancadas.

Ante um toiro manso e fechado em tábuas, Moura brilhou na brega, sobretudo quando galopou a duas pistas, sendo obrigado, pelas características do seu oponente, a cravar a ferragem a sesgo, terminando a sua actuação com um ferro de palmo, em sorte de frente, na única investida em que o toiro se empregou (volta com ovação no centro da arena nos dois).

João Moura Júnior, no segundo da noite, deixou algumas vezes comprometer as montadas em consequência de arrancadas intempestivas, mas conseguiu uma lide vibrante, variando nas sortes (de frente e a sesgo) e brilhando nos adornos ao rematar os ferros.

Recebeu o seu segundo no centro da arena, cravando-lhe um comprido que provocou grande impacto e mais impacto ainda teria tido o segundo, em sorte de poder a poder, se não tivesse ficado descaído.

Após brega espectacular cravou os curtos de frente e a sesgo, e levou os espectadores ao rubro quando, ao sair das sortes, o cavalo executava duas e três piruetas seguidas, na cara do toiro (volta em ambos).

De grande impacto foi a estreia em Lisboa do novilheiro João Augusto Moura que se mostrou seguro e desenvolto no suave manejo do capote e no temple e ritmo que imprimiu às faenas de muleta.

Com o seu primeiro, nobre mas com pouca força ligou uma faena variada, que se desenrolou nos médios e fora brindada à memória de seu pai.

Na faena ao seu segundo, bastaram um passe cambiado, dois naturais e um passe de peito, no centro da arena para o público romper numa clamorosa ovação e num coro de olés que se manteve até ao final da lide, fruto da elegância, mando e temple demonstrados durante o trasteio.

Naturais ligados com o de peito, derechazos intercalados com molinetes e uma série de manoletinas antes de simular a estocada provocaram ovações entusiásticas (volta em ambos).

Finalizou a noite o cavaleiro-amador Miguel Moura, com apenas 11 anos, que também se estreava no Campo Pequeno e demonstrou um à vontade e sentido de lide incomuns para a sua idade.

Seguro, do ponto de vista da equitação, pôs tal vibração e verdade na lide que, por mais de uma vez o público se levantou das bancadas para o aplaudir em autêntico delírio (volta).

Os forcados estiveram valorosos, ante toiros que puseram algumas dificuldades.

Pegaram por Santarém Diogo Sepúlveda, Gonçalo Veloso e Luís Sepúlveda e, por Portalegre, João Tavares e Nelson Nabiça, que deram volta à arena com os cavaleiros.