Carta aberta ao comentário do Sr. João de Deus apresentado no site Equisport no dia 22/12/06.
Ex.mo Senhor João de Deus
Depois de ter lido atentamente o seu comentário ao sucedido na final da Taça do Mundo de Ensino de Jovens Cavaleiros, tirei algumas conclusões uma das quais é que o seu desconhecimento sobre o funcionamento e regulamentos desta modalidade é total. De qualquer modo aqui vou tecer alguns considerandos, baseado nos regulamentos, (disponíveis no site da FEI), ao seu comentário.
Em primeiro lugar o “a, e, i, o, u” dos regulamentos de Ensino;
– As decisões do Júri são soberanas. (Pelo que não são passíveis de apelo e/ou recurso)
Apesar de serem evidentes as discrepância entre os juizes no julgamento da cavaleira Sueca, a matemática é universal, 1+1=2, pelo que temos que reconhecer que no final a soma dos pontos desta cavaleira foi superior ao do conjunto nacional, pelo que obviamente venceu a Final B. (Artigo 434 da FEI).
Deste modo, aconselhar a cavaleira em questão a gastar recursos financeiros num apelo de que à partida sabemos o resultado, não me parece de todo aconselhado. Como é evidente qualquer acção de protesto nesta situação seria no mínimo insensato.
Em segundo, todos os concursos Internacionais desta categoria realizam-se com um sistema de apresentação de resultados denominado “Open Scoring”. Este sistema permite que o espectador visualize os pontos dados por cada juiz no momento, logo após a realização de cada exercício pelo conjunto, sendo no fim da reprise apresentado ao publico o resultado final, mas anunciado como provisório, estando na maior parte das vezes com o cavaleiro ainda em pista, só após são recolhidas as folhas dos respectivos juizes para a soma dos resultados sendo posteriormente conferido o resultado, é anunciado como definitivo.
Mas parece-me desnecessário entrar em grandes pormenores, referindo apenas que este método é utilizado em qualquer CDN – Concurso Nacional de Dressage – , em Portugal, pelo que retiro outra conclusão ao seu comentário: a de que o Senhor não assistiu a nenhum concurso de Ensino realizado ultimamente no nosso país, pois os concursos de âmbito nacional realizam-se com o mesmo sistema de publicação de resultados.
E permita-me ainda pôr algumas questões;
– Se não assistiu a nenhum destes concursos, será que é um “aficcionado”?
– Será que não esta a usar o nome Marialva em vão?
Convido-o desde já, e como “aficcionado” que se diz ser, a tornar-se patrocinador dos cavaleiros de Ensino Portugueses de modo a que estes possam realizar mais concursos internacionais aumentando assim as probabilidades de se realizar no futuro, e havendo justificação, recursos que os beneficiem e não tão somente para termos o prazer de reclamar e de contribuir com soluções descabidas, a maior parte das vezes prejudiciais apenas defendidas por quem revela um completo desconhecimento das regras.
Gostava ainda que da próxima vez, e de modo a que não se “liberte com o avançar da idade”, ou use a idade como desculpa, que assistir a um CDN, se dirija à minha pessoa e se apresente pois tenho todo o gosto lhe prestar todos os esclarecimentos que parece necessitar.
Finalmente uma nota ao Equisport, e nomeadamente ao cabeçalho A “saga” do Campeonato do Mundo de Dressage (Jovens Cavaleiros).
Demonstra pouco profissionalismo e desconhecimento desta modalidade pois a denominação de “SAGA” é pouco apropriado a um evento que se realiza pela primeira vez, com o nome de Final da Taça do Mundo de Ensino de Jovens Cavaleiros (com um cavaleiro por país) e não Campeonato do Mundo, havendo uma diferença abismal entre uma Taça e um Campeonato do Mundo (nunca realizado).
Esta é outra forma de um “Jornalismo” realizado por pessoas pouco profissionais ou desconhecedoras, que eu como leitor informado tanto lamento.
Dando por terminada agora sim esta “SAGA” atentamente
Carlos Lopes
2007.01.05
• Resposta de João de Deus
Exmo. Sr. Carlos Lopes
Presumo que a minha mensagem não foi entendida, e aproveito para agradecer as informações.
O teor da reclamação só o Sr. Carlos Lopes poderia saber, mas forçosamente teria de passar pela denuncia de uma falha da organização.
Nem provisoriamente se anuncia um resultado, pela possibilidade da sua própria negação. O que veio a acontecer. Muito menos numa prova internacional.
Nunca sugeri que o 1º lugar deveria ser para a nossa cavaleira, nem que a reclamação teria essa intenção única pois a análise desses pormenores técnicos só ao seleccionador cabem.
A reclamação, por ter pelo menos o fundamento de uma contestação à falta de competência da organização, poria logo à partida a participação Portuguesa numa posição de preponderância e de exigência de respeitabilidade. Donde as respectivas desculpas seriam uma consequência imprescindível.
Se pelo menos as tivesse trazido, já seria diferente, e garanto-lhe que tanto quanto conheço esse País, pelo menos seria um trabalho de preparação de que iriam beneficiar os próximos portugueses em provas internacionais.
Como já notou não vou deixar que me arraste para opiniões técnicas, pois essas são de sua exclusiva competência.
Saudações Marialvas
João de Deus
2007.01.10
• Resposta da Equisport
Exmo. Sr. Carlos Lopes
A Equisport aprecia todos os comentários de natureza construtiva dos seus leitores, sejam eles positivos ou negativos. Um dos objectivos principais da nossa publicação é a busca de notícias actuais sobre a modalidade, quer a nível nacional quer internacional, sempre com o intuito de divulgar a informação aos leitores.
Como muitas vezes as notícias são editadas na hora, ocasionalmente podem ocorrer erros. A referência a “Campeonato” em vez de “Taça” foi devida a um lapso óbvio que já foi rectificado on-line.
Os restantes comentários em relação à nossa publicação são claramente duma natureza pessoal, gratuita e de certa forma surpreendente, quando vindas do Seleccionador Nacional desta modalidade.
Uma vez que esses comentários não são considerados correctos nem construtivos, a Equisport nada mais tem a acrescentar.
Atentamente
Maria Margarida Ferreira Neves
Directora / Equisport
2007.01.11