Realizou-se no passado Sábado 4 de Abril, a IV edição do Raid Hípico das Linhas de Torres Vedras, cujo objectivo principal é a valorização do património rural público e privado de relevância histórica, afecto ao mais famoso sistema de defesas de campo de todos os tempos. O evento equestre, ao qual concorreram 20 equipas, compreendeu pela primeira vez três provas de diferente grau de dificuldade, adequando-se assim a todo o tipo de participantes. Se os 20 km são um estimulante passeio nas linhas, sob os 40km pesam já algumas dores de cabeça, enquanto os 60km se tornam numa verdadeira aventura, mesmo para os melhores que ousam enfrentar estas montanhas fortificadas. O segredo reside na optimização da gestão da montada em termos de controlo de velocidade e ritmo cardíaco. Não admira pois que os melhor sucedidos, venham a atingir lugares cimeiros no campeonato nacional.
Os vencedores da IV edição foram:
• 20 km -O cavaleiro estreante Victor Morais da Malveira, no cavalo Valentino.
• 40km –João Robalo das Caldas da Rainha, no cavalo Sadam.
• 60km –O ex bi- campeão nacional João Moreira do Montijo, na égua Quota.
A imagem símbolo do evento foi também renovada através de autorização especial do museu militar de Londres, para a reprodução do quadro A Glimpse of the enemy de William Banes Wollen, inspirado na zona central das linhas de Torres Vedras ( palco do raid) que retrata a missão dos oficiais Light Dragoon nas Linhas, bem caracterizada no livro “Intelligence Officer in the Peninsula, Letters and Diaries, of The Major The Hon. Edward Charles Cocks”, da conceituada investigadora histórica britânica Júlia V Page, colaboradora do raid.
Este ano, para além da possibilidade de apreciar os trabalhos de restauro das estruturas defensivas, já meritoriamente realizados pelos 3 municípios patrocinadores da prova: Mafra, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, o raid que pretendeu reconstituir a eficácia de funcionamento do sistema de comunicações das Linhas de Torres Vedras em articulação com a utilização da cavalaria ligeira de elite. O evento encerrou com uma espectacular animação histórica da réplica do telégrafo óptico de Wellington junto à ermida de Nossa Senhora do Socorro, seguindo-se o habitual jantar de entrega de prémios em presença dos autarcas e patrocinadores na Quinta do Vale do Corvo.
Esta prova desportiva neste local histórico ímpar, ás portas da capital, em percursos onde segundo as memórias de guerra, o próprio Duque de Ferro (Wellington), cavalgava mais de 60km diários, através de estradas militares, por entre fortes, quintas quartéis generais, aldeias e postos de comunicação, é já provavelmente o mais interessantes exemplo sustentável de turismo equestre de qualidade em natureza, ao nível nacional.
As Linhas de Torres Vedras destacam-se da generalidade dos clássicos campos de batalha europeus, por poderem ser visitadas sem necessidade de recorrer a complicadas interpretações abstractas sobre táctica militar, pois conservam ainda boa parte da estrutura física que esteve na sua génese por entre uma paisagem deslumbrante que pouco mudou desde há duzentos anos. Revelam mesmo um lado mais romântico da guerra, qual caixinha mágica repleta de apetitosas curiosidades, associadas à vivência do exército aliado em harmonia com o povo local que ajudou a construir, defender e sustentar este relevante polo de atracção turística mundial, com potencial para se tornar no Waterloo do Sul da Europa.
O Raid foi ainda patrocinado pela Junta de Freguesia do Turcifal, a BP lubrificantes, a Tec Atlântica ( Mercedes), a ELO Artes Gráficas, Westin/Campo Real, ArenesCar, Equus Resort, Caixa Agrícola de Mafra, a Império Bonança e a JAR Matias.