S.O. Campeonato de Portugal e Critérios 2000 (55)
Cap. A. Pimenta da GamaJá se vão tornando um foro anual estas impressões e comentários que, com o maior prazer, vou fazendo para a conceituada e sempre melhorada revista Equisport.Neste sempre tão apregoado ano do milénio, não posso ser entusiasta, no bom sentido, ao transmitir-vos, caros leitores, tudo aquilo que me foi dado a observar.Assim, vai-se esbatendo, quase por completo, a ideia da separação dos cavalos nacionais e estrangeiros. Não caíu portanto em cesto rôto o meu artigo de 1998 em que debati, com o maior ênfase, essa polémica questão.Na presente edição dos Critérios, logo nos cavalos de 4 anos houve um equilíbrio absoluto entre nacionais e importados mas uma real diminuição do número de conjuntos inscritos; 34 em 1999 contra apenas 16 em 2000, revela que afinal, não será talvez o melhor caminho a seguir o de "meter" cavalos tão prematuramente. Será que finalmente, todos os intervenientes, dirigentes, criadores e cavaleiros estão a verificar os inconvenientes de uma preparação prematura dos seus cavalos?Este é um assunto para longo e ponderado debate que não cabe no âmbito destes comentários.Nesta piara de 4 anos, um animal foi sem sombra de dúvida o melhor: Plusch von Pit I, evidenciando uma superioridade absoluta no decorrer de toda a época, apenas nos lembramos de 1 falta sobre os obstáculos, precisamente na 1ª prova do último dia do Critério, foi o vencedor incontestado. É um animal de origem alemã e neto do celebérrimo Pilot. Tem uma aptidão extraordinária para a modalidade de obstáculos embora não me parecendo ter o poder e o futuro de Onno, um produto do conhecido garanhão Jasper e apresentado da melhor maneira por António Frutuoso de Melo.Boas referências para os nacionais Princesa da Serra, Paquete da Graciosa e, apesar de maus resultados, Parati, uma égua com grandes possibilidades futuras e que confirma a melhoria da Coudelaria da Herdade do Pinheiro.Passamos ao Critério para animais de 5 anos e aí o regozijo de vermos o número aumentar consideravelmente pois de 27 participantes em 1999 tivemos este ano 32 conjuntos, sendo rigorosamente igual, como nos animais de 4 anos, a percentagem de estrangeiros e nacionais.Vitória neste escalão e sem dúvida nenhuma para Land Papy, uma égua alemã montada por Hugo de Carvalho e que confirmou totalmente ser a revelação nos cavalos de 5 anos. Extraordinária, também, Rover Lorette Z, muito bem apresentada por Alexandre Mascarenhas de Lemos. Bons apontamentos de Liberia de Ste. Hermelle, Hidalgo d’Ines, Obelisco do Paço, Oboé, Original, Helven du Theillet, Opium S, um notável produto da Coudelaria de José Sabino Gonçalves e ainda o tão apreciado, mas este ano mal apresentado, S. Francisco, o já conhecido produto de Darco e que foi com Jorge Mathias o ganhador do Critério de 4 anos no ano transacto.No Critério para animais de 6 anos, vimos com uma certa mágoa, a superioridade em número e em qualidade dos cavalos estrangeiros.O número de participantes foi de 26 (20 em 1999) mas apenas Nababo pôde ‘ombrear’ com os melhores. É notável o esforço de José Manuel Soares da Costa na tentativa de criar bons cavalos de obstáculos e Nababo é um produto de grande qualidade. Dos restantes, Alaska, Da Vinci, Giroflee de Palma e Giffard de la Mare, confirmaram todos os adjectivos com que os mimoseei em 1999.Lorade Z com Mascarenhas de Lemos e Indira com Ricardo Costa foram as revelações nesta categoria.
Pela primeira vez e imitando o figurino estrangeiro, foi realizado o Critério para animais de 7 anos. Julgo que não teve o menor interesse, tendo-se apresentado em prova apenas 11 conjuntos e a competição decorreu sem o nível desejado.Ganhou bem Quick com Pedro Escudeiro mas as pontuações nas várias provas, para todos os participantes, são elucidativas.Com o mesmo número de participantes, 25, com que decorreu a prova em 1999, a edição de 2000 do CPCO revela, para mim, a estagnação, ao mais alto nível, da modalidade de obstáculos em Portugal. E é curioso este estado de coisas se nos lembrarmos do "boom" que tem tido o nosso hipismo. Concursos de cerca de 200 cavalos são normais, embora este desenvolvimento careça de verdadeiros e eficientes sponsors, do maior interesse da imprensa escrita e falada e de todo o cuidado que a FEP tem procurado dinamizar com a participação de cavaleiros nas manifestações internacionais, Muitas outras medidas de fomento que não têm passado despercebidas a todos aqueles que, com boas intenções, têm seguido a actuação deste elenco Federativo.Mas, falando do CPCO, quero dizer-vos que, com toda a franqueza, tinha como meus favoritos o João Mota e o João Chuva. A seguir e na minha óptica estariam colocados para discutirem os lugares de honra os irmãos Mendes de Almeida e o Luís Sabino Gonçalves. Puro engano da minha parte o Campeonato viria a ser ganho, sem qualquer dúvida, pelo Filipe Mendes de Almeida que, montando com muita tranquilidade e segurança levou o seu Deuxieme Espoir ao 1º lugar na classificação final. Hugo de Carvalho com o seu magnífico Silver Kranich foi muito infeliz na 2ª classificativa e ficou desde logo irremediavelmente afastado dos lugares cimeiros. Rui Gonçalo esteve bastante bem, atendendo à idade do seu Fakir, Miguel Viana surpreendeu-nos pela positiva e Vitor Frias apesar de algumas falhas continua em plano de evidência.Em todos os Critérios e no CPCO, os percursos estiveram de muito bom nível e mais uma vez, Luís Xavier de Brito e a sua "equipa" tiveram, para mim, a nota de M. Bom.E a fechar estes despretensiosos comentários, uma palavra para, bem do coração, lamentarmos a forçada ausência do nosso melhor cavaleiro de obstáculos, Jorge Mathias, e desejar-lhe com a maior amizade um rápido restabelecimento.