
Por uma Dressage Mais Transparente e Justa: Um Debate que se Impõe
Discrepâncias nas classificações em provas de Dressage levantam questões sobre transparência e rigor no julgamento. É tempo de refletir sobre os mecanismos que sustentam a credibilidade da disciplina.
Nos bastidores da elegância e precisão da Dressage, cresce a preocupação com a consistência das classificações atribuídas em competições nacionais. Sem pôr em causa a competência dos juízes, vários membros da comunidade equestre defendem que é necessário reforçar a transparência e a uniformidade nos critérios de avaliação, garantindo a confiança de atletas, treinadores e público.
Em qualquer modalidade desportiva — e especialmente nas disciplinas sujeitas a avaliação subjetiva, como a Dressage — é essencial assegurar que os processos de julgamento sejam conduzidos com o máximo de rigor, imparcialidade e transparência. A existência de discrepâncias significativas nas notas atribuídas por diferentes juízes pode levantar dúvidas e afetar a perceção de justiça competitiva entre os atletas.
Importa recordar que o Regulamento Oficial da Federação Equestre Portuguesa (FEP) já prevê mecanismos para salvaguardar a imparcialidade e a ética no julgamento. Caso exista algum potencial impedimento e o juiz não se tenha declarado impedido, qualquer atleta pode apresentar denúncia ao Delegado Técnico da FEP, ao Diretor da Competição ou ao Presidente do Júri da Prova, até 30 minutos após o final da prova. Além disso, o desrespeito por estes princípios pode implicar várias sanções disciplinares, desde um aviso formal até à suspensão da atividade de oficial, ou mesmo a sua remoção da lista de oficiais.
A intenção de trazer este tema a debate não é apontar erros individuais nem questionar a competência dos juízes — profissionais que desempenham um papel exigente e de grande responsabilidade. Pelo contrário, trata-se de contribuir para uma reflexão construtiva sobre as práticas em vigor e sobre como estas podem evoluir no sentido de maior uniformização e clareza.
Algumas possíveis medidas que poderiam ser debatidas pela comunidade incluem:
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Reforço da formação contínua de juízes e atualização regular sobre critérios de avaliação;
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Implementação de mecanismos de controlo de qualidade e revisão das notas em casos de discrepâncias elevadas;
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Maior transparência na divulgação dos critérios e notas atribuídas, permitindo que cavaleiros e treinadores compreendam melhor as decisões;
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Criação de espaços formais de diálogo e feedback entre juízes, atletas e federação.
Promover este tipo de debate é sinal de maturidade e compromisso com o futuro da Dressage. Só através de um esforço conjunto — juízes, atletas, treinadores, federação e meios de comunicação especializados — será possível reforçar a confiança e a credibilidade desta disciplina, que tanto valoriza a harmonia, a precisão e o respeito entre cavalo e cavaleiro.
Editorial Portal Equisport