Os Desafios de Criar Cavalos No Século XXI
Carla WelterCoordenadora da Unidade Nacionalde Animação LEADER+ LuxemburgOs cavalos são animais geneticamente destinados a viver em manada, em grandes espaços, com liberdade para correrem velozmente. Aspecto que deverá ser tido em consideração aquando da concepção e gestão de uma instalação para a criação de cavalos. Manter os cavalos fechados em estábulos durante as 24 horas do dia é uma prática desumana que não deveria ter razão para existir nas modernas instalações para criação de cavalos. Estudos e pesquisas já efectuadas provam que lhes deve ser proporcionado espaço e liberdade para se poderem movimentar livremente, idealmente durante as 24 horas do dia e em todas as condições de tempo. A possibilidade de interacção social é também um factor chave para o bem-estar dos cavalos. Uma manada é normalmente composta por uma égua que a lidera (“alfa”) e pelas suas seguidoras (éguas menos dominantes, normalmente mais novas, designadas por “beta”). Isto é muito importante para a integração social e estabilização do grupo. Quando se procede à criação de cavalos, o garanhão ou cavalo de padreação deve também, idealmente, fazer parte da manada.
Nas modernas práticas de criação de cavalos, isto pode, contudo, ser um verdadeiro desafio! É que não só os proprietários do garanhão e da égua podem recear que os seus animais se magoem quando deixados a procriar à vontade, como também é difícil efectuar testes de gravidez de rotina por meio de ultra-sons. Quando se permite que os cavalos vivam em manada, com um garanhão, desenvolvem uma grande inter-ligação e sentido de “grupo”, pelo que se torna muito difícil separar uma égua das outras para lhe efectuar um teste de gravidez por ultra-sons.A vantagem do método de procriação livre é que a taxa de fertilização ascende para cerca de 98 por cento em vez dos 75 por cento correspondente à resultante da prática da inseminação artificial. Esta elevada taxa de fertilidade resulta do facto do garanhão “saber” que égua cobrir em que altura fazê-lo. As mais modernas práticas de criação de cavalos ensinam que, a fim de assegurar a maior higiene possível na procriação, deve ser feita em todas as éguas a colheita de esfregaço vaginal (papanicolau) para exame citológico, garantindo que eventuais infecções bacterianas não passem de umas para outras. Por seu lado, e para o mesmo efeito, o garanhão deve ser examinado, antes de ter início a época de acasalamento, quanto a doenças infecciosas ou infecções bacterianas que possa eventualmente transmitir às éguas. Optando-se pelo método da procriação em liberdade, torna-se fundamental que o responsável pela instalação de criação proceda a verificações diárias dos animais no campo de pastagem a fim de monitorizar o comportamento das éguas e do garanhão, manter um registo actualizado dos ciclos menstruais das éguas, a fim de saber quais as que estão na fase do cio e as que saíram dessa fase.Outro factor importante a considerar quando se usa este método de procriação é a área de pastagem disponível para os cavalos. O valor mínimo dessa área é de ¼ de hectare por cavalo. Este valor nada tem a ver com a área de pastagem que é necessária a cada cavalo mas apenas ao “espaço” que cada um precisa para se manter afastado das investidas dos mais “dominantes” da manada. Este valor depende muito do clima e das condições em que a pastagem é mantida ao longo do ano. O pasto é fertilizado? É irrigado? As terras são secas? Ou chove regularmente o suficiente para manter o pasto verdejante durante o período de pastagem? É para este tipo de perguntas que é preciso encontrar uma resposta sendo, conforme a avaliação das condições do terreno de pastagem, necessário determinar as medidas a tomar para melhorar as condições da pastagem para a manada.ALIMENTAÇÃO E VACINAÇÃO DOS CAVALOS
É sabido que os terrenos de pastagem para as manadas de cavalos requerem uma manutenção mais intensa. Isto tem a ver sobretudo com a forma como os cavalos comem. É que os cavalos comem as ervas de que mais gostam até à raiz, ao contrário das vacas que se limitam a comer as partes superiores das mesmas. Os pastos que servem de alimento a vacas recuperam, assim, muito mais depressa. Outra das razões pelas quais os pastos para cavalos requerem mais cuidados é que estes são muito mais exigentes quanto ao “gosto” das ervas que comem, deixando de lado aquelas cujo sabor não gostam (designadas “ervas-daninhas”) que, naturalmente, passam a dominar, pela presença, as pastagens.Um factor da maior importância, na criação de cavalos, é a sua alimentação durante os meses de Inverno. Este problema varia, naturalmente, de região para região. Na Europa Central é fundamental dispor-se de estábulos a que os cavalos tenham acesso durante as 24 horas do dia, para se poderem recolher nos períodos mais agrestes embora, também neste caso, nunca se devam deixar os cavalos fechados no seu interior.Idealmente, os cavalos deverão ser mantidos em grupos de cinco a sete indivíduos, no máximo. Isto permite ao gestor da instalação uma monitorização e um controlo cuidado da saúde global da sua manada. Também a manutenção dos cavalos em grupos pequenos é mais simples, já que o doseamento da sua alimentação é mais fácil e preciso do que em grupos grandes.A gestão básica dos cavalos inclui, naturalmente, a sua vacinação, que é efectuada uma ou duas vezes por ano, contra o herpes (tipos 1 e 4), tétano, gripe, rinopneumonia ou raiva, consoante a sua potencial exposição a este tipo de doenças. Também a desparasitação do tracto intestinal deve ser feita numa base regular com produtos deve ser feita numa base regular com produtos apropriados, especialmente no que se refere a éguas lactantes e suas crias. Normalmente, os cavalos são desparasitados quatro vezes por ano. As éguas lactantes seis vezes por ano. Os potros, por seu lado, devem ser desparasitados todas as três ou quatro semanas, começando-se quando têm três semanas de vida e prosseguindo-se com esta periodicidade até fazerem oito ou 10 meses.Fotos gentilmente cedidas pela Coudelaria Mendes MadeiraCOMENTÁRIOSDiga o que pensa sobre este Artigo, dando-nos a sua autorização para a eventual publicação on-line. O seu comentário deverá ser enviado directamente para equisport@equisport.pt.Criar Cavalos no Séc XXI – ComentáriosO manuseamento de cavalos terá de ser feito seguindo as condicionantes do paralelo em que se está, e não tanto por importação de outras realidades. Claro que haverá muito em comum como por exemplo o animal de que estamos a falar…o cavalo. As ditas "modernas" técnicas que vêm a ser as mais antigas mas que por terem caído no esquecimento de alguns e fazerem parte da ignorância de outros, são aceites agora como tal. O maneio em liberdade onde o cavalo desenvolve a sua personalidade ao resolver os seus "problemas sociais"com os seus congéneres, não é incompatível com a assistência física e anímica dos tratadores e veterinários, nem tão pouco difícil para quem esteja talhado para estabelecer essas relações. Não é um trabalho que se aprenda num qualquer curso, mas sim um condão que uns têm outros nem por isso. Mais uma vez vamos cair no antigo em que os Moirais dos cavalos eram pessoas especiais no trato com eles e por vezes esses dotes nem eram hereditários. É um papel essencial na calma, e esse sim, bem estar, dos animais. Bem estar não passa só por aquilo que vem nos figurinos, mas principalmente pelos trejeitos e atitudes de quem com eles lida. Aquilo que um Cavalo mais aprecia é observar a segurança com a respectiva calma de quem com ele lida. Disso não tenham duvidas, e não só, mas muito pela idade desses"técnicos"essa segurança é uma realidade. Eles reparam quando os nossos gestos são hesitantes precipitados e repetidos, como que se percebessem que o objectivo daquele gesto não foi alcançado, o que gera neles falta de confiança. Ter Cavalos a campo e não estar com eles todos os dias e passar lá algum tempo, pode sim que se isolem e nos ponham de parte nos seus conceitos de segurança porque é disso que se trata. Os abrigos no campo são desprezados por eles exactamente por razões de segurança em que uma fuga a um predador seria muito dificultada, sendo isto mais evidente em animais de sangue quente que nos outros que vemos em revistas e artigos de outros paralelos. O sangue quente não é mais que uma genética mais chegada ao selvagem do ponto de vista anímico, e estas recordações de predadores estão mais frescas. As desparasitações em cavalos a campo e não só, também terão de ser controladas e não feitas sistematicamente porque afecta a flora intestinal desprovendo ao longo de gerações a capacidade dos cavalos em se desparasitarem se tiverem pastagens espontâneas.Nas pastagens semeadas e controladas não existem aquelas plantas que os cavalos instintivamente procuram para se desparasitarem, e esse instinto vai-se perdendo.Uma das razões da rusticidade do nosso Lusitano, característica que cada vez mais se está a destacar em relação às raças mais trabalhadas por esse Mundo, advêm da nossa pouca intervenção na "ajudas" físicas com complementos alimentares, o que por muitos é criticado.Não será precisa formação específica Veterinária para compreender o princípio de Darwin, que talvez por isso mesmo foi bombástico a quando da sua aparição, mas que parece estar a ser esquecido, e está na base das considerações que faço especialmente quanto às excessivas desparasitações. Como atrás disse e para que não pareça contradição, refiro-me à intervenção excessiva física/anatómica, porque a anímica nunca o será. Em relação aos aditivos alimentares, matéria mais especifica que requer conhecimentos que não possuo, sei sim por experiência, que há um "saco azul" de energias e capacidades regenerativas musculares e de tendões que existe naturalmente para ser usado como recurso a quando esgotamento físico por motivos naturais e só nesses casos, "se for muito solicitado" pelos tais aditivos antes de se verificarem aquelas situações naturais de esgotamento provocando "uma soma aritmética de energias",….se pode esgotar….e depois nada a fazer. Saudações MarialvasJoão de Deus2007.03.08