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Campeonato Nacional de saltos Juventude 2002 (64)

Capt. António Pimenta da GamaMais uma vez foi com todo o interesse e "vício" que segui atentamente este evento hípico anual.As primeiras palavras são de grande elogio para a Sociedade Propaganda de Cascais, pela maneira impecável como organizou este Campeonato. Se há dois anos disse mal, no ano transacto as criticas foram muito mais positivas e o deste ano é, sem duvida, de muito agrado por tudo o que vi e senti em redor das provas.Assim criticas observadas nada deve passar em claro e, nestes dias, nem o campo de aquecimento foi descurado, graças ao interesse e saber profissional de Luisa Vozone. É sempre ingrato citar nomes para elogios justos mas à Luísa e ao Sr. Joaquim Aguiar, muito se deve do êxito desta organização. O Campo Manuel Possolo estava lindo e os arranjos florais e não só, a cargo da empresa "O Toque" estavam insuperáveis. O Júri de Terreno funcionou, desta vez, bastante bem com os horários anunciados previamente sempre cumpridos. A direcção do campo a cargo de Bernardo Costa Cabral esteve ao seu bom nível habitual com o senão, para mim, de percursos exageradamente fáceis.Pesaria no seu critério a ausência de alguns dos nossos melhores juniores a concursarem no estrangeiro? Só na final de juniores os percursos estiveram ao nível dos anos anteriores e, com a hecatombe verificada, talvez o Bernardo tenha estado dentro da razão…O número de concorrentes que participaram este ano e nos vários escalões etários, foi francamente animada com 23 Iniciados, 33 Juvenis e 20 Juniores. O nível dos cavalos continua a subir, lastimando contudo o diminuto número de cavalos nacionais, principalmente no escalão de Juniores. Em Iniciados é notório a utilidade dos cavalos nacionais e tanto assim que todos os cavaleiros com lugar no podium, utilizaram cavalos nacionais e alguns bem usados, caso de Alico, já com 20 anos.Começando primeiramente pela apreciação dos conjuntos do escalão etário mais baixo, dizemos que o campeão foi justamente encontrado no conjunto Madalena Contreiras de Oliveira e "Fiona". Muito sinceramente os meus prognósticos iam direitinhos a Sofia Antunes com Índia e ao Francisco Marques Neto com "Havre". Estes dois cavaleiros apresentaram-se com um desembaraço e à vontade que tudo fazia querer a sua vitória final. No entanto, numa prova de regularidade com as características de um Campeonato, qualquer distracção afasta logo os concorrentes dos lugares cimeiros. Assim viria ao de cima a regularidade de Francisco Stilwell com o extraordinário servidor que tem sido "Alico" que, muito justamente obteve o 2º lugar final. Bons apontamentos para Carolina Rodrigues Pereira com Boris ao ganhar a última qualificativa, Teresa Grijó com a enérgica Pili Pili Meia Lua e João Pedro Sabino a perder mais uma oportunidade que há tanto procura e merece.Passando aos Juvenis, achei que para mim, foi o mais interessante pelo equilíbrio dos conjuntos presentes, houve grandes decepções e algumas surpresas. No papel, não admitia outro vencedor que não fosse o Duarte Alegrete ou a Vera Vozone. Puro engano da minha parte, porque com o decorrer do Campeonato vários cavaleiros se revelaram e de que maneira. Estou a lembrar-me de Nelson Neto, muito mal montado mas a exibir grande qualidade como cavaleiro, João Francisco Costa a fazer prodígios com a égua Nega, Maria Ferreira Paulo com um início de Campeonato notável, o desembaraço e muita persistência recompensada com o 3º lugar final de Ana Mello com o seu magnifico Aramis de Dombasle, o conjunto nortenho Ricardo Gil Santos e Florestan, brilhante em alguns percursos, Rachel Ruah e Glorietta pela harmonia dos seus percursos e, a terminar a luta empolgante de Vera Vozone e Maria Portela de Almeida para o 1º lugar. Qualquer destas jovens cavaleiras merecia ser campeã. Vera Vozone muito bem montada com o estupendo Eclair des Etisses a tudo fazer para vencer e a ter a pouca sorte de um derrube no último obstáculo da barrage. Maria Portela de Almeida, a mostrar um sangue frio que mais parecia ser de um cavaleiro muito batido e a colaborar impecavelmente com a sua generosa e eficiente Jump Mendy. Aqui temos mais um animal nacional a demonstrar a utilidade dos nossos cavalos na execução de provas a este nível.E, entrando na recta final destes comentários, falemos dos Juniores. Cavalos de qualidade não faltaram e também alguns cavaleiros a revelarem um futuro promissor. Gostamos francamente dos cavalos nortenhos John, Neptuno, Ali de Rumilly e Risque Tout além do já muito conhecido e reconhecido Iniciado.Dos cavaleiros embora sem resultados, estiveram em evidência Luís Filipe Costa e Francisca van Zeller, esta muito azarada nos percursos finais. E não merecia, tal a eficiência que revelou até ao último dia. Filipa Horta e Costa não conseguiu repetir a proeza do ano passado, facto a que não é estranho, na minha opinião, a idade da sua enérgica Eva. Mário Wilson, mais uma vez deu sobejas provas de estarmos na presença de um cavaleiro de obstáculos. Montando o dificílimo Rendez Vous Spieveldhof , Mário Wilson chegou ao último dia sem ter qualquer penalização mas a última prova, já com dimensões apreciáveis, foi decepcionante. Disso se aproveitou, e muito bem, o concorrente nortenho João Trigueiros e Sousa, bem orientado por João Mota e forçando, percursos sem faltas na 2ª mão da última prova, uma barrage de desempate. Aí, prevaleceu a categoria de Risque Tout que, muito bem conduzido por João Trigueiros e Sousa, fez a barrage sem faltas, sagrando-se muito justamente, Campeão de Portugal de Juniores.O último lugar do podium, viria a ser conquistado por Teresa Fortunato que aproveitou o melhor possível o seu argentino Umbanda. É merecedor do maior elogio a maneira desembaraçada e os grandes progressos de Teresa Fortunato na monte do seu cavalo que, até há pouco tempo, não conseguia "limpar" um percurso. É a estes pequenos pormenores que todos os jovens cavaleiros devem dar atenção pois o trabalho, a persistência e a boa orientação são, quanto a mim, os trunfos mais importante para haver progressos neste desporto, tão difícil mas ao mesmo tempo, tão formativo e educativo, quando é bem interpretado.E meus caros leitores, são estes despretensiosos comentários que ficam para quem tiver a paciência de os ler.