… Ao correr da pena (2)
por: Cor. Netto de Almeida3 – SALTOS DE OBSTÁCULOS CAVALO QUE CARREGA PARA O SALTOTodos nós, cavaleiros, já tivemos um cavalo que carrega para o salto. E como quisemos resolver o problema?Tenho lido autores que aconselham a parar com firmeza o cavalo no momento em que ele carrega para que ele, sentindo-se castigado deixe de carregar. Nada mais errado!Há um velho princípio da equitação que diz que “quando o cavalo resiste, a cavaleiro resiste, e quando o cavalo cede, o cavaleiro cede”. Isto é 100% certo. Mas é preciso saber que a cedência é muito mais importante que a resistência. O cavalo é muito mais sensível ao agradecimento que á exigência.
Então o que temos que fazer quando ele carrega? Não temos que o castigar. Temos que o ensinar a não carregar!Como? Quando apontamos a um salto vamos verificar qual o ponto em que ele carrega. E na próxima vez vamos parar o cavalo mais ou menos duas passadas antes de ele carregar. Repetimos 2 vezes. A seguir vamos parar duas passadas mais à frente. Repetimos. Depois paramos duas passadas mais è frente. E se o cavalo entretanto carregar, vamos voltar a parar no sítio inicial. E repetimos este processo tantas vezes quantas as necessárias até o cavalo ser capaz de parar junto ao salto, sem carregar. É preciso notar que as paragens nunca podem ser feitas “à bruta”, mas sempre com o cavalo descontraído. E se isto for feito assim, garanto que depois de uma dúzia, nem tanto, de tentativas, temos o cavalo a chegar ao salto descontraído.E só nessa altura é que apontamos ao salto com a intenção de saltar. Caminhamos para o salto dando ao cavalo a convicção de que vamos parar outra vez. E, quando vemos que a passada vai bem, cedemos com a mão e actuamos suavemente com as pernas, para indicar ao cavalo que, desta vez, não vai parar mas sim saltar. E ele salta com a maior das calmas. Mas depois é preciso parar outra vez e recomeçar tudo do princípio. E, no dia seguinte, recomeçar do princípio.Há muitos anos fui a casa de um amigo, na Bélgica, que tinha uma filha que montava em CCE, e que, naquela semana, ia fazer um estágio com o melhor cavaleiro belga de CCE. O senhor seguia este método. Mas, no fim da sessão, mandava fazer um percurso. Ora este processo é bom mas um bocado moroso. Sem paciência não leva a lado nenhum. Por isso não se consegue fazer um percurso senão ao fim de, no mínimo, uma semana de trabalho.Há quem tenha medo de, com este método, ensinar os cavalos a negar. Nada mais errado. O cavalo distingue perfeitamente entre o que é parar por conta dele ou parar por conta do cavaleiro. Por isso este processo não é perigoso, desde que bem feito!!!Estou a fazer uma coisa que não é meu costume. Costumo escrever para principiantes e, desta vez estou a escrever para cavaleiros minimamente dotados de tacto equestre. Já tentei fazer isto com vários cavaleiros e só tirei resultados com quem tinha um mínimo de tacto. É que tem que ser feito com os cavalos sempre descontraídos. O cavaleiro sempre raciocinando pelo lado do “ensinar” e não do “castigar”.4 – PINCHAR? SIM, MAS COMO?Há cavalos que, por sua natureza, não são naturalmente “limpos”, isto é, se o salto não calha nas melhores condições, não fazem esforço para não derrubar o salto que têm pela frente e é preciso “ensinar-lhes” que os paus não são para derrubar.Como conseguimos isso?O cavalo não derruba o salto por prazer, mas sim para não se esforçar. Sendo assim, só temos que o pôr perante situações em que lhe seja mais penoso derrubar do que esforçar-se. E criar-lhe condições para que o esforço seja natural. Estou e a referir-me à execução do salto com o cavalo descontraído. Esta condição é indispensável.Assim, para isso, apontamos a um vertical em que o cavalo tenha que fazer um pouco de esforço para passar. A altura exacta não pode ser indicada aqui, pois tem que ser posta pelo cavaleiro conforme as possibilidades do cavalo e o seu grau de ensino.Metemos o cavalo a galope médio, cadenciado de descontraído. E, quando vemos que a passada vai certa, diminuímos o contacto e empurramos para que o cavalo faça uma batida demasiado perto do salto. Nesta situação o cavalo ou se esforça ou derruba. Dadas as suas características é natural que derrube. Mas apenas com um ligeiro toque de pinças. Mas o suficiente para lhe tornar o derrube desagradável.Em seguida repetimos o salto pondo o cavalo nas mesmas condições. E como o cavalo que vai bem descontraído, condição esta absolutamente necessária, como disse ao princípio, mas repito dada a sua importância, vai esforçar-se para não tocar. Se o cavalo não for descontraído, podem pôr-se-lhe ferros ou outra brutalidades que ele continuará a derrubar o salto.Assim o pinchar não é violento e vai “ensinar” ao cavalo que lhe é menos desagradável esforçar-se do que derrubar.Estou a fazer uma coisa que não é meu costume. Costumo escrever para principiantes e, desta vez estou a escrever para cavaleiros minimamente dotados de tacto equestre. Já tentei fazer isto com vários cavaleiros e só tirei resultados com quem tinha um mínimo de tacto. É que tem que ser feito com os cavalos sempre descontraídos. O cavaleiro sempre raciocinando pelo lado do “ensinar” e não do “castigar”.Desculpem-me a repetição daquilo que escrevi no final do número anterior, mas não vejo qualquer razão para fazer uma modificação,