Uma crise sanitária sem precedentes atinge o setor equestre brasileiro, com a morte de 284 cavalos em quatro estados — Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas — após o consumo de ração contaminada produzida pela Nutratta Nutrição Animal Ltda. A informação foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que investiga o caso desde 26 de maio.
As análises laboratoriais detectaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina, substância tóxica presente em plantas do gênero Crotalaria, utilizadas como adubo verde. A falha no controle de matérias-primas permitiu a contaminação. Os compostos causam lesões hepáticas e neurológicas graves em equinos, com sintomas como prostração, desorientação e hemorragias, levando à morte em poucas horas.
A fábrica da Nutratta, em Itumbiara (GO), foi interditada. Uma decisão judicial que havia autorizado a retomada parcial da produção foi revogada em 23 de julho. A empresa está proibida de fabricar ração para qualquer espécie até que todas as irregularidades sejam corrigidas.
A Nutratta disse colaborar com as autoridades e manifestou solidariedade às vítimas, mas não comentou a revogação judicial.
Entre os animais mortos, está o garanhão Mangalarga, «Quantum de Alcatéia», avaliado em R$ 12 milhões. Criadores relatam prejuízos milionários e impacto emocional severo. A advogada Maria Alessandra Agarussi, que representa os proprietários, estima que o número de mortes pode ser ainda maior — mais de 700 casos são discutidos em grupos de apoio.
Diante da gravidade do episódio, o Mapa intensificou a fiscalização em fábricas de ração animal em todo o país.