Apenas comecei a praticar equitação no último ano, com a idade de 39 anos. Passados três meses, já tinha o meu próprio cavalo para cuidar e percebê-lo. A princípio não sabia nada de cavalos, apenas tinha um enorme carinho por eles e a certeza de que não desejava magoá-los, enquanto cavaleira.
Tentei perceber a minha égua de modo a estabelecer uma comunicação, sem qualquer noção de método. De início, olhava-a de frente, directamente nos olhos, tentando transmitir-lhe o meu afecto. Agora tenho noção que não era o melhor modo de transmitir sentimentos de afecto, pois tal postura é considerada, pelos cavalos, como um sinal de agressão. Eu abraçava-a e beijava-a, tal como faço com os meus cães e gato, no entanto, não sentia qualquer evolução na relação com a égua, era um esforço unilateral!
Anteriormente não tinha lidado com estes magníficos animais. Exactamente por não ter qualquer experiência, comecei a pesquisar na Internet por respostas, métodos e, em geral, mais informação. Felizmente, em Janeiro do ano passado, encontrei o website de Monty Robert, que me abriu novos horizontes. Na última Primavera, participei num Join-Up com um dos seus instrutores certificados, Anna Kerckhoff de Sacchi. Foi uma experiência iluminante e, desde então, decidi não desperdiçar mais tempo em busca de outros métodos, pois Monty Roberts representa o meu ideal.
Tenho idade suficiente para perceber que perdi todas as vivências de um percurso normal de qualquer cavaleiro, não me passando pela cabeça que venha a poder montar todos os cavalos que um jovem cavaleiro normalmente monta. Com este método encontrei como que um atalho para conseguir, através do estudo e conhecimento, o que os outros cavaleiros conseguem através de uma vida de contacto com cavalos.
Devido a doença, desde do último verão que não pude montar – voltei a montar esta 4ª-feira – como se pode esperar, estava bastante zangada, pois após ter descoberto esta nova paixão, tive que a deixar durante meses. Felizmente, mais uma vez, tive imenso para ler nos livros de Monty Robert e na literatura por este sugerida. De facto as suas explicações são bastante claras e simples, tanto que um amador como eu consegue entender facilmente as suas técnicas.
Estou profundamente agradecida a Monty Roberts por me ter entretido ao longo destes pesados meses com a sua sabedoria e conhecimentos sobre cavalos. Estou também bastante agradecida à Anna, uma das pessoas mais simpáticas e disponíveis para ajudar ou dar “consultas” – de forma totalmente gratuita!
Tendo também eu própria formação académica, gostaria de sublinhar que Monty Roberts foi distinguido em 2002 com um doutoramento honoris causa em etologia, após o seu trabalho de campo ter sido acompanhado, durante dois anos, por dois professores da Faculdade de Zurich. Se qualquer cavaleiro conhece os seus truques, porque é que não suscitaram o mesmo interesse nem foram alvo de distinções semelhantes?
Para terminar esta longa resposta, tenho um comentário a fazer ao “American Style” – negócio – que Monty Roberts é acusado de estar a fazer. Faculdades equestres estão a aparecer um pouco por toda a parte, sendo os seus cursos bastante dispendiosos, e prolongados, tal como convém às universidades. Aulas de equitação são igualmente dispendiosas, já para não referir o penso dos cavalos! E o equipamento? O melhor é não falarmos disto! E os veterinários e quiropratas? E as taxas de filiação na federação? E as clínicas e estágios em alguns centros hípicos chiques com instrutores “famosos”? Assim, parece-me que tudo o que esteja relacionado com cavalos e equitação tem um preço que não costuma ser barato.
Porque parece tão mal que Monty Roberts cobre pelos seus ensinamentos? Conhece algo de cavalos que seja gratuito? Eu não. Será por o senhor ser tão dedicado que trabalha de graça?
Em Maio, vou frequentar o meu primeiro curso completo de Join-Up, em Odemira, com a Anna, e estou mais que satisfeita por pagar 650 € para trabalhar o meu relacionamento com a minha égua, incidindo sobre os seus pontos comportamentais mais fracos e melhora-la enquanto Cavalo. Estou cheia de expectativas e muito entusiasmada, depois de tantos meses cinzentos, vou trabalhar com cavalos como sempre sonhei!
Honestamente, não consigo perceber o mal que Monty Roberts possa eventualmente ter-lhe feito, para que critique num tom tão sarcástico o seu método e o seu negócio.
Raffaella Ferretti
Proprietária de Cavalo
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