Campo Pequeno – toureio sem emoção

A expetativa da vinda do rojoneador espanhol ao Campo Pequeno é sempre motivo de casa cheia. A noite de ontem não escapou à regra.

O que já se tornou uma constante é a falta de emoção transmitida pelos toiros que integram as corridas do rojoneador de Navarra. As ganadarias são cirurgicamente escolhidas pelo próprio, para esta noite foi escolhida a de Guiomar Cortes Moura. São autênticas tourinhas para delícia de quem aprecia toureio de salão. Permitem ladeares e recortes, inconcebíveis com toiros que tenham capacidade física e bravura. Há que não esquecer que sem perigo não há emoção!

Faltaram toiros para comprometerem António Telles. As duas lides foram conseguidas mas apagadas e totalmente despidas de emoção.

No primeiro toiro, Pablo iniciou a lide partindo em demasia um toiro sem faculdades físicas para voltas apertadas. A fatura saiu-lhe cara, pois fez o resto da lide com um toiro parado. Respeitou os apupos do público à falta de toiro e não deu volta à arena. O segundo toiro de Pablo era parado e manso, permitindo os ladeares e recortes do costume, mas sem andamento para a sua hermosina. O espetáculo permitiu evidenciar os dotes de exímio equitador, mas deixou-nos uma tétrica imagem de total falta de emoção, com oponentes que caiam ao chão, revelando a total falta de força que os deveria incapacitar para uma aparição na primeira praça do país.

Uma lufada de ar fresco resultou da lide de João Moura Júnior, claramente o triunfador da noite. Fez uma gestão inteligente e bem conseguida das lides.

Nas pegas, pegaram os Amadores de Vila Franca e os da Chamusca. O verdadeiro momento de emoção que fechou definitivamente as bocas do sono que deambulava nas bancadas, foi protagonizado por Rui Godinho dos Amadores de Vila Franca.

João da Eira