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Um cavalo que vem do passado

Texto: Paula da Silva

Lugares, pessoas e animais parecem emergir de fotografias a preto e branco. Quando se olha para eles mergulha-se num vórtice da História que relembra tempos de outrora; no entanto, o meio, as actividades das pessoas, a fauna e a flora que encontramos hoje neste local isolado da Península Ibérica são exactamente os mesmos.

Os garranos são cavalos pequenos, descendentes dos cavalos representados nos desenhos existentes nas caves de Lascaux e Altamira. Provêm assim duma raça muito antiga presente no território português desde a pré história, como se pode ver nas pinturas da era Paleolítica. Estes cavalos, depois cruzados com os pequenos cavalos dos Celtas, evoluinram para o cavalo do tipo Celta tal como o conhecemos hoje, com uma cabeça de perfil recto ou côncavo, pequeno, bem adaptado às zonas frias e húmidas das montanhas. Outros exemplos das raças Celtas são o Pottok, o Asturcon, o Galego e o ponei de Exmoor.

De acordo com os cientistas, todas as raças de cavalos de sangue quente descendem do Tarpan, sendo os cavalos sorraia os seus representantes Ibéricos actuais. A parecença morfológica entre as raças é óbvia e os testes de DNA mostram a afinidade existente entre os cavalos Tarpan, Sorraia e Konik. Quanto ao garrano não existe qualquer afinidade, acreditando-se que a raça pertence ao grupo Celta (Equus caballus celticus, Ewart).

O garrano participou na fundação de Portugal no séc. XI, seguindo depois com os peregrinos na Estrada de S. Tiago, embarcado nas caravelas para o Novo Mundo – sempre ele, idêntico em aspecto e temperamento dos tempos imemoráveis até hoje: tem a paciência do burro e a força das mulas mas a docilidade dos póneis para crianças. Foi cavalo de padres, nobres, lavradores e generais. Carregou madeira e a extrema unção sem vacilar, sobre os caminhos pedregosos e abruptos da húmida montanha lusitana, nesse lugares onde as nuvens passam rapidamente no céu e onde ainda voa a águia real…Os garranos são pequenos e ágeis, com cerca de 1,30m ao garrote, com as proporções de um pónei, um tronco forte e andamentos exóticos. A “andadura” é rápida e segundo os antigos romanos, eramuito confortável. Diz-se que a “andadura” faz deslocar com suavidade e o conforto proporcionado ao cavaleiro era muito apreciado.

O ‘passo travado’ é um passo rápido a 4 tempos mais não é um passo normal. As oscilações verticais do centro de gravidade são muito fracas mas os movimentos do cavalo são bastante rápidos. Os Romanos chamavam a este passo o “numeratim” (um, dois, três, quatro).A palavra garrano deriva da raiz indo-europeia “gher”, que significa “baixo, pequeno” e que originou a palavra “guerran”, a palavra Galesa que significa cavalo. Na Inglaterra usa-se a palavra pónei; na Irlanda “gearron”; na Escócia “garron” e em Portugal ‘garrano’.

O meio em que vivem os garranos é realmente especial. No Geres ainda crescem fetos gigantes (2 metros de altura), iguais aos que se vêem nos fosseis da época glaciar – o único local do planeta onde ainda existem. Ao contrário do Lusitano esta raça não foi seleccionada pelo homem – foi moldada pelo meio ambiente ao longo dos séculos. Os garranos ainda são caçados pelos lobos que vivem a sua vida selvagem na zona montanhosa que vai do noroeste de Portugal até à fronteira com Espanha.

Para escapar aos lobos os cavalos juntam-se em manadas de 9 a 20 éguas com um garanhão o que permite que cavalos e lobos mantenham um equilíbrio. De acordo com estudos recentes, quanto maior a manada menos percas sofre. As vitimas são habitualmente os poldros mais jovens e as baixas são sofridas habitualmente na época de acasalamento. A taxa de mortalidade é bastante alta uma vez que os cavalos mais velhos ou doentes não conseguem sobreviver nos locais onde é necessário percorrer longas distâncias subindo e descendo as montanhas à procura de alimento e água, com os inevitáveis confrontos com outras manadas quando atravessam os seus terrenos. O índice de fertilidade é baixo, menos de 50%, devido em parte à existência de muitas éguas por manada por garanhão.

No Inverno as manadas vivem habitualmente nas zonas baixas, mas no Verão sobem as montanhas chegando a percorrer 50kms por dia na procura de alimento e água. Quando são atacados por lobos os cavalos adultos formam um círculo com os mais jovens no meio, e com os quartos posteriores virados para fora para os proteger. Estes pequenos cavalos são um pouco rústicos mas tornam-se muito dóceis quando capturados e treinados, sendo bons para atrelagem e para cavalos de sela para crianças.

Na idade média Portugal promulgou várias leis que regulavam a exportação de cavalos para a Inglaterra e a Irlanda. Não esqueçamos que este cavalo substituía os burros nas actividades diárias em zonas frias e húmidas impróprias para burros. Ao mesmo tempo encontramos várias referências à presença de garranos em paradas realizadas nas alturas de celebrações tradicionais em que os cavalos eram montados a “passo travado”. Também eram exportados para o Brasil e para o México pela sua força e temperamento dócil, ideal para trabalhar nos campos. Pensa-se que estes cavalos são responsáveis pela origem do cavalo Galiceno.

Com a passagem dos séculos e a revolução mecânica nas actividades agrícolas, o pequeno cavalo tornou-se supérfluo, descendo rapidamente em número e voltando novamente para as zonas inacessíveis do Gerês onde os cavalos domésticos locais se misturariam com os grupos de garranos bravios, formando novas manadas que em pouco tempo voltaram à sua organização e comportamento social ancestral. Os chamados criadores costumavam criá-los em liberdade nas montanhas mas houve uma deterioração tanto da qualidade como da quantidade de garranos. Em 1943 a raça esteve à beira da extinção quando um pequeno grupo de sobreviventes, cerca de 30, foram apanhados e cuidados até que, em 1993, a Comunidade Europeia e o estado português se uniram para preservar a raça. Na última contagem avistaram-se cerca de 1000 garranos. A maioria deles vive no Noroeste, dentro do Parque Nacional do Peneda – Gerês.

Uma vez por ano alguns dos poldros são capturados e vendidos para vários fins; carne, cavalo de sela e atrelagem uma vez que já não são utilizados para a agricultura. O cruzamento com outras raças não é bem visto de forma a poder-se manter o seu património genético.Existem algumas pequenas manadas de garranos em Áustria, França e Holanda que ou foram comprados em Portugal ou são seus descendentes. Todos os garranos são submetidos a testes de DNA à nascença para assegurar a sua ascendência, antes de serem registados nos Livros de Origens.

Estes são pequenos cavalos que nos chegam do passado, galopando através da Historia do homem lutando e utilizando a sua laboriosa resignação e encontrando-se agora mais isolados do que nunca e relegados à função de representantes de tempos passados, pequenas relíquias vivas. Agora é a altura de enfrentar o futuro.

Os meus sinceros agradecimentos à Dra. Maria Portas dos Serviços Nacionais Coudélicos por toda a informação fornecida para complementar este artigo que tive o prazer de vos apresentar.BibliografiaPortas M., Liete J. 6 Sousa (1998). A Raça Garrana. Veterinária Técnica, ano 8, n°6, S.N.M. V.ACERG – Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana

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