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Atrelagem: um desporto que junta cultura e tradição

A Associação Portuguesa de Atrelagem, no ano em que comemora 35 anos de existência, pretende dar a conhecer mais a modalidade que junta homem, cavalo e carro. Captar mais praticantes e mostrar que conduzir carros puxados por cavalos não é um desporto elitista são objectivos dos dirigentes da entidade sediada na Golegã.

Presidente e vice-presidente da Associação Portuguesa de Atrelagem, Vítor Vergamota e Carlos Apolinário

A atrelagem é uma modalidade que une homem, cavalo e carro, pouco conhecida do grande público e ainda vista como uma actividade elitista, própria de gente abastada. Uma ideia que os dirigentes da Associação Portuguesa de Atrelagem (APA), sediada na Golegã, procuram desmistificar em conversa com O MIRANTE: “A atrelagem é o contar de uma história, é, no fundo, cultura”, diz o presidente Vítor Vergamota; “Isto são, nada mais nada menos do que cavalos engatados. E foram os cavalos engatados que permitiram às pessoas começarem a fazer o transporte de coisas, mercadorias”, completa Carlos Apolinário, vice-presidente da APA, responsável pela competição.

O desconhecimento é grande, reconhecem, quando se fala em atrelagem. “A própria palavra é pouco sugestiva, mas também ainda não conseguimos arranjar nenhuma melhor”, justifica o vice-presidente que garante ser necessário comunicar mais e melhor para que o público saiba o “quão fascinante isto é”.

A paixão com que vão falando sobre cada carro e cada actividade que realizam, enquanto mostram as várias fotografias que os orgulham, demonstra a vontade de dar a conhecer a história da modalidade. “Esta é uma das fotografias mais importantes”, diz Vítor Vergamota, apontando para uma imagem de um senhor sentado no seu carro, exposta bem no centro de uma parede da sala da direcção. “É Manuel Abecassis que, juntamente com a sua esposa, após uma viagem a Inglaterra estruturou tudo o que é a atrelagem”, diz.

Assim nasceu, há 35 anos, a Associação Portuguesa de Atrelagem. A modalidade foi-se desenvolvendo e ganhando participantes. Muitos mais do que aqueles que hoje fazem parte da associação, que conta com cerca de 80 filiados. “A vida mudou e já nem toda a gente tem um cavalo e um carro como antigamente”, lamenta o presidente, que, ainda assim, garante ser objectivo da APA conquistar mais aderentes.

“Não significa que seja para a competição em si. Dentro da atrelagem existem outras modalidades como os passeios, as exibições e a tradição”, alerta Vítor Vergamota, acrescentando que “o objectivo principal é ser, acima de tudo, um desporto de lazer, utilizando hipomóveis antigos, modernos ou réplicas”.

Enquanto o presidente é um assumido apaixonado pela atrelagem de tradição, apesar de tudo o fascinar dentro deste mundo, o vice-presidente dedica-se à competição, conduzindo carros puxados por cavalos. “O nosso vice-presidente, na casa dos 60 anos, ainda continua a competir”, enaltece Vítor Vergamota.

Se na atrelagem de tradição o mais importante é a aparência, a forma como se vestem e como o carro se encontra arranjado, na competição pouco importa a beleza do carro de ferro utilizado. As provas são efectuadas por equipas de quatro cavalos, dois cavalos e um cavalo (o mesmo para os póneis) e existem três tipos de competição, que podem ser combinadas: o ensino, maratona e condução em obstáculos.

A ligação umbilical à Golegã

Várias são as competições de atrelagem que se realizam um pouco por todo o mundo e, este ano, a APA conta apresentar-se no Campeonato Mundial de Parelha (atrelado com dois animais), que se vai realizar na Holanda.

Quanto às provas nacionais principais realizam-se sempre na Golegã ou na Companhia das Lezírias, em Samora Correia. “A nossa intenção é mesmo que a base de competição seja aqui na Golegã, aproveitando o Centro de Alto Rendimento que aqui temos, espaço único no país”, garante Carlos Apolinário.

A ligação que a própria vila tem ao cavalo é uma mais valia. Os dirigentes da APA consideram que a Golegã é, sem dúvida, o local ideal para continuarem a desenvolver o trabalho da associação, não só por estarem num local central e com boas acessibilidades, mas, principalmente “porque a Golegã tem todas as condições para a atrelagem”.

“Aqui temos instalações para a sede, temos espaço à nossa volta com estradas de terra batida para as quais podemos sair e realizar imensas actividades, temos excelentes equipamentos camarários, como os picadeiros cobertos e descobertos e o Centro de Alto Rendimento. A própria câmara vive isto e isso é essencial para a continuidade da Associação Portuguesa de Atrelagem”, deixa claro Vítor Vergamota.

Fonte: O Mirante

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